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"O
imponente vale do Poio manteve até agora
os seus encantos resguardados devido à
inacessibilidade e inospitabilidade
destas paragens, sendo apenas do
conhecimento dos pastores e uns poucos
aventureiros. Afortunadamente, uma fauna
selvagem pouco comum, como o bufo-real,
o peneireiro e o andorinhão-real (Apus
melba), aqui encontrou abrigo
suficientemente seguro.
É um dos maiores canhões fluviocársicos
portugueses, formado por grandiosas
vertentes escarpadas, que outrora a água
escavou e modelou"
Junto à
capela da aldeia, começamos por subir
pela estrada de asfalto, do lado direito
desta. Seguimos sempre por este lado até
acabar o asfalto – logo à frente. Ainda
pela direita continuamos pela estrada de
baixo, em terra, ladeada por muros de
pedra. Agarradas aos muros crescem as
silvas que no Verão proporcionam-nos
saborosas amoras. Ao longo deste caminho
estabelecem-se olivais e campos
agricultados, com milho, sobretudo. De
vez em quando, encontramos algum
pilriteiro de grandes dimensões do lado
direito. Também deste lado vemos a
aldeia de Poios. A marginar esta estrada
estreita encontramos troviscos,
cistáceas, arrudas e carrascos. Ao fim
de alguns minutos chegamos a um pequeno
largo/bifurcação. Continuamos para
esquerda. Crescem, também aqui, alguns
arbustos como a aroeira e o
sanguinho-das-sebes. Logo à frente a
estrada estreita ainda mais e passa a
ser apenas um carreiro que, durante
alguns metros, segue ao longo de um
pinhal. O caminho é agora muito
pedregoso. Passamos junto à placa de
madeira que diz “Canhão do Vale dos
Poios”. Vamo-nos aproximando da entrada
do vale. Muitas roselhas atapetam a
nossa encosta. Um pouco à frente somos
surpreendidos por uma paisagem de
aspecto agressivo - um vale imenso,
profundo e de encostas escarpadas - que
pouca vegetação sustenta.
Neste canhão fluviocársico a água só
corre superficialmente em anos
excepcionalmete pluviosos, brotando
através de várias exsurgências, quando
os caudais que fluem pelas galerias
hipogeias engrossam demasiado. A certa
altura o carreiro passa a ser empedrado,
como se o homem tivesse disposto estas
lajes de modo a facilitar a caminhada.
Algumas oliveiras ainda sobrevivem no
leito do vale. Vêem-se, nas encostas,
alguns focos de erosão. Vamos descendo e
o vale descreve uma curva para a
esquerda. Aqui vêem-se algumas
oliveiras, que arderam há bastante tempo
e agora são apenas troncos carbonizados
e despidos de vida. Seguimos o carreiro
por entre um mar de fetos-macho. Um
pouco à frente passamos por uma cavidade
na rocha (um local assediado pela visita
do homem que se reflecte nos detritos
deixados por este). Continuamos junto à
escarpa avançando. A certa altura temos
que atravessar a floresta de fetos, que
nalgumas zonas são da nossa altura, e
continuar ao longo do lado direito do
vale. Este vai estreitando e a sua
imponência diminui gradualmente. Também
termina o mar de fetos e caminhamos
agora por cima de muita pedra. O caminho
serpenteia por entre uma diversidade de
espécies arbustivas: pilriteiros,
sanguinho-das-sebes, aroeiras, murta,
urze-branca, jasmineiro-do-monte e
muitos carrascos. Também aparecem vários
folhados. Logo acima esta densidade
arbustiva diminui dando lugar a restos
carbonizados de vegetação. A certa
altura temos que subir pela direita para
atingirmos o socalco superior.
Continuamos a caminhar em frente, ao
longo de um terreno agrícola e acabamos
por apanhar uma estreita estrada apenas
utilizada como um acesso aos terrenos
cultivados. Esta encontra-se ladeada por
densas sebes que quase a tapam. Sempre
por esta estrada vamos acompanhando
vários campos de milho. Ao fim de longos
minutos atingimos outra estrada, mais
larga, junto a uma “casota” de tijolo e
cimento. Seguimos agora pela esquerda. A
estrada começa a subir ao longo de um
pinhal. Pouco depois surgem algumas
casas e entramos na aldeia de Mocifas de
S.º Amaro. A estrada é agora de asfalto.
Logo a seguir à capela viramos à
esquerda e depois, em frente, saímos do
asfalto e subimos sempre até sairmos da
aldeia. A estrada é larga, ladeada por
muros de calcário e carvalhos. Um pouco
à frente chegamos a um cruzamento. Dois
espigueiros do lado direito. Continuamos
por este lado. Sempre em frente, pela
estrada principal, passamos pelas linhas
de alta tensão. Percorremos uma paisagem
dominada por olivais e muros de pedra.
Voltamos a subir e chegamos a Covão das
Favas, uma pequena localidade. Pisamos o
asfalto e seguimos à direita. Logo
acima, junto a umas alminhas, subimos em
terra pela esquerda. Uns metros depois
voltamos a pisar o asfalto e continuamos
pela esquerda. Chegamos ao cimo, onde
existe um restaurante do lado esquerdo e
as antenas de rádio e o vértice
geodésico da Estrela (398 m) do lado
direito. Seguimos em frente e começamos
a descer agora em terra batida. Logo
abaixo vamos pelo caminho da esquerda
que nos permite passar junto à capela da
Sr.ª da Estrela. A estrada desce
acentuadamente com um piso de areão. No
fundo do vale vemos uma dolina, que
possui sempre água, fornecendo abrigo a
rãs, tritões-marmorados, libélulas entre
outros pequenos seres. Atingimos a outra
estrada que também descreveu uma descida
desde a Sr.ª da Estrela. Continuamos
pela esquerda ainda a descer (agora
suavemente) e passamos pela dolina.
Daqui debaixo é possível vermos toda a
extensão da escarpa da Sr.ª da Estrela.
Vêem-se oliveiras pelas encostas e no
fundo do vale que percorremos. Logo
depois entramos na aldeia de Poios. O
piso é de asfalto.
Percurso
baseado na Rota do Guia QUERCUS -
Percursos na Serra de Sicó "P7 - O
CANHÃO DO VALE DO POIO".
Fonte: www.terrasdesico.pt |
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